domingo, 26 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Relembrando Grandes Brasileiros... Mário Quintana: a alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe
Mário Quintana (1906-1994), poeta brasileiro.
Achamos melhor deixar que outras palavras falassem por nós... se tratando de um Poeta, as palavras dele...
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira. ..
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira. ..
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada e inútil das horas.
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
Desta forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo; a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Mário Quintana
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
Desta forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo; a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Mário Quintana
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Filosofia para crianças? Sim, é possível!
ATENÇÃO: ARTIGO NÃO RECOMENDADO PARA QUEM NÃO GOSTA DE PENSAR, MAS GOSTA QUE OUTROS PENSEM NO SEU LUGAR!
"Lasciate ogni speranza voi che entrate... (Abandonai toda a esperança, vós que entrais): inscrição na porta do Inferno, canto III, v. 1-9 - Dante, Divina Comédia, ano de 1307.
Porque a Filosofia ensina a pensar, desde criança!!!
Quem melhor do que as crianças para, naturalmente, olhar o mundo como se fosse a primeira vez, se surpreendendo e se atrevendo a perguntar por que as coisas são do jeito que são?
"Lasciate ogni speranza voi che entrate... (Abandonai toda a esperança, vós que entrais): inscrição na porta do Inferno, canto III, v. 1-9 - Dante, Divina Comédia, ano de 1307.
Porque a Filosofia ensina a pensar, desde criança!!!
Quem melhor do que as crianças para, naturalmente, olhar o mundo como se fosse a primeira vez, se surpreendendo e se atrevendo a perguntar por que as coisas são do jeito que são?
Estudiosos de uma metodologia criada pelo filósofo Matthew Lipman, em 1960, acreditam que mais do que ensinar a história da filosofia e suas teorias, o importante, com as crianças, é estimular o pensamento.
O livro de Marcia Tiburi e Fernando Chuí possibilita que os pequenos, desde já, entrem em contato com o pensamento filosófico.
A filosofia é um jeito de pensar, é como um pensamento que abre seus olhos para o mundo. Quando a criança entende que pensar é motivo de alegria e que pensando você descobre, inventa e se diverte... tudo vira uma brincadeira — a brincadeira do pensar!
FILOSOSIA BRINCANTE foi escrito para que esta brincadeira do pensar seja descoberta. Escrito para crianças, mas que também pode ser lido por adultos que não perderam o gosto por brincar.
fonte: http://www.portaldoprofessor.mec.gov.br/
A filosofia é um jeito de pensar, é como um pensamento que abre seus olhos para o mundo. Quando a criança entende que pensar é motivo de alegria e que pensando você descobre, inventa e se diverte... tudo vira uma brincadeira — a brincadeira do pensar!
FILOSOSIA BRINCANTE foi escrito para que esta brincadeira do pensar seja descoberta. Escrito para crianças, mas que também pode ser lido por adultos que não perderam o gosto por brincar.
fonte: http://www.portaldoprofessor.mec.gov.br/
terça-feira, 21 de setembro de 2010
O ANALFABETO POLÍTICO
O Analfabeto Político: Berthold Brecht
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
(Berthold Brecht)
A série GRANDES BRASILEIROS
Alguns poderão ter se perguntado a razão de ter escolhido a publicação da nossa pequena, não pretensiosa série de retratos de Grandes Brasileiros, um retrato totalmente apartidário e apolítico, o que não significa que nós não tenhamos a nossa orientação política, é óbvio.Mas, de fato, a nossa quer ser apenas uma homenagem em um país como o Brasil que é de memória curta, e que apresenta a estranha tendência a esquecer aqueles ou aquelas que tanto fizeram por ele e pelos brasileiros e brasileiras.
Portanto, a nossa ideia é de publicar, possivelmente uma vez por dia, a história de um brasileiro que se tornou importante para o país, tanto no campo da Educação, quanto da Arte, da Literatura e assim por diante.
Já começamos relembrando Betinho, Augusto Boal, Darcy Ribeiro, e pretendemos em breve publicar algo sobre Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Monteiro Lobato, Clarice Lispector entre os muitos outros que tornaram esse país grande em cultura e humanidade.
Obviamente, para não ser totalmente de parte, deixamos Paulo Freire (verdadeiro inspirador desse blog) de lado por um instante, até porque a homenagem que queremos lhe fazer deve ser construída com o nosso trabalho de cada dia.
Boa Leitura a todos!
O Grupo das Utopistas Imperituras
Relembrando Grandes Brasileiros... DARCY RIBEIRO: o mais importante, é INVENTAR o BRASIL que nós queremos!
Falar de Darcy Ribeiro (1922-1997) apenas como educador seria insuficiente. A proliferação de ideias e o ímpeto para concretizar projetos fizeram dele, mais que um intelectual, um realizador.
Darcy começa sua vida profissional como antropólogo. Posteriormente, ingressa na área educacional, atingindo rapidamente o cargo de ministro da Educação, em 1962, durante o Governo João Goulart.
Sua produção na área da educação e da cultura deixou marcas no país: criou universidades, centros culturais e uma nova proposta educativa com os Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, além de deixar inúmeras obras traduzidas para diversos idiomas.
Entre as obras que idealizou, estão a Biblioteca Pública Estadual do Rio de Janeiro, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema e o Sambódromo, que inicialmente também funcionava como uma enorme escola primária com 200 salas de aula, além do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Darcy contribuiu ainda para o tombamento de 96 quilômetros de belíssimas praias e encostas do litoral fluminense, além de mais de mil casas do Rio Antigo.
A propagação de suas ideias rompeu fronteiras. Darcy viveu em vários países da América Latina, onde conduziu programas de reforma universitária, com base nas ideias que defende no livro A Universidade Necessária.
Como reconhecimento de sua importância, Darcy foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris IV - Sorbonne, Universidade de Copenhague, Universidade da República do Uruguai e Universidade Central da Venezuela.
Darcy começa sua vida profissional como antropólogo. Posteriormente, ingressa na área educacional, atingindo rapidamente o cargo de ministro da Educação, em 1962, durante o Governo João Goulart.
Sua produção na área da educação e da cultura deixou marcas no país: criou universidades, centros culturais e uma nova proposta educativa com os Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, além de deixar inúmeras obras traduzidas para diversos idiomas.
Entre as obras que idealizou, estão a Biblioteca Pública Estadual do Rio de Janeiro, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema e o Sambódromo, que inicialmente também funcionava como uma enorme escola primária com 200 salas de aula, além do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Darcy contribuiu ainda para o tombamento de 96 quilômetros de belíssimas praias e encostas do litoral fluminense, além de mais de mil casas do Rio Antigo.
A propagação de suas ideias rompeu fronteiras. Darcy viveu em vários países da América Latina, onde conduziu programas de reforma universitária, com base nas ideias que defende no livro A Universidade Necessária.
Como reconhecimento de sua importância, Darcy foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris IV - Sorbonne, Universidade de Copenhague, Universidade da República do Uruguai e Universidade Central da Venezuela.
Elege-se senador da República pelo estado do Rio de Janeiro em 1991, tendo elaborado a Lei de de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 20 de dezembro de 1996 como Lei Darcy Ribeiro. Publica, pelo Senado, a revista Carta', com 16 números (1991-1996), onde os principais problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos em artigos, conferências e notícias.
Em 1995, publica O Povo Brasileiro, livro que encerra a coleção de seus Estudos de Antropologia da Civilização.
Darcy Ribeiro falece em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a distância, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau.
fonte: www.fundar.tempsite.ws
Em 1995, publica O Povo Brasileiro, livro que encerra a coleção de seus Estudos de Antropologia da Civilização.
Darcy Ribeiro falece em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a distância, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau.
fonte: www.fundar.tempsite.ws
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Relembrando Grandes Brasileiros... AUGUSTO BOAL: A estética do OPRIMIDO
Augusto Boal foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras no teatro contemporâneo internacional. Ele fundou o Teatro do Oprimido, que junta o teatro à ação social, as suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, mais destacadamente nas últimas três décadas do século XX, sendo bastante usadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política, mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.
O dramaturgo não é apenas conhecido por sua participação no Teatro de Arena da cidade de São Paulo, mas principalmente por suas teses do Teatro do Oprimido, que foram inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.
Ele tem uma obra escrita expressiva, traduzida em mais de vinte línguas e as suas concepções são estudados nas principais escolas de teatro do mundo. O livro Teatro do oprimido e outras poéticas políticas tratam de um sistema de exercícios, jogos e técnicas de teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser usadas por todos e não só por atores.
O Teatro do Oprimido tem centros espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Tem centro nos Estados Unidos, na França, no Rio de Janeiro, Santo André e Londrina.
Augusto nasceu no Rio de Janeiro, filho de José Augusto Boal e Albertina Pinto. Aos 18 anos foi estudar Engenharia Química na Universidade do Brasil, hoje UFRJ, e paralelamente escrevia textos teatrais.
Já na década de 1950 ao mesmo tempo em que realizava estudos em Engenharia Química, na Columbia University, em Nova York, estudava dramaturgia na School of Dramatics Arts.
Quando retorna ao Brasil, passa a fazer parte do Teatro de Arena de São Paulo. A sua primeira direção é em Ratos e Homens.
No ano de 2008, Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em virtude de seu trabalho com o Teatro do Oprimido. Já em março de 2009 foi nomeado pela Unesco embaixador do teatro.
Boal faleceu neste ano de 2009 no dia 2 de maio, aos seus 78 anos, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro. A morte foi causada por insuficiência respiratória. Boal sofria de leucemia.
As idéias de Boal renderam-lhe um reconhecimento mundial.
Só para descontrair... entre um assunto e outro: o que é a FELICIDADE?
Vamos debater: o que é ser feliz?
Sei, sei que pode parecer uma pergunta daquelas que a "tia Teteca" da escola da esquina fazia quando eramos crianças: você gosta mais do papai ou da mamãe??? O que você vai ser quando crescer?
Sei, sei que pode parecer uma pergunta daquelas que a "tia Teteca" da escola da esquina fazia quando eramos crianças: você gosta mais do papai ou da mamãe??? O que você vai ser quando crescer?
Mas o assunto é sério: o que é a felicidade? É possível ser feliz na mundanidade de nossa vida hodierna?
Tropa DA elite (2) ou Matou na favela e foi ao cinema... de Marcelo Freixo
Em ocasião da próxima saída nas salas do filme "Tropa de Elite 2", gostaríamos de relembrar o impacto que o primeiro filme da série teve sobre o público carioca, "animado" com a matança que o filme mostrava... Eis aqui uma possibilidade de reflexão que Marcelo Freixo (PSOL) nos propõe. Vale a pena ler... de novo!
“Homem de preto, qual é sua missão? É invadir favela E deixar corpo no chão”.
Esse “canto de guerra” é um dos muitos entoados pelo BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) nos seus treinamentos. Muito significativo e direto, já que mostra claramente onde se localizam os inimigos a serem abatidos. Trata-se de uma guerra contra os pobres, recrudescida em tempos neoliberais nos quais a contrapartida da criação de uma sociedade do desemprego é a necessidade das classes dominantes ampliarem não somente os meios para obtenção do consenso, mas também os instrumentos coercitivos que mantenham os oprimidos sob controle.
Em meio às crescentes denúncias contra a atuação do BOPE nas favelas cariocas, que se pauta por uma política deliberada de extermínio ao arrepio do Estado de direito, surgem nas ruas da cidade cópias do filme Tropa de elite, antes mesmo de seu lançamento no cinema, previsto para o mês de outubro. Tropa de elite já é um sucesso de público, está “na boca do povo”, fascina adolescentes e mesmo crianças de classe média, e reúne no orkut uma comunidade com mais de 55 mil membros. Virou também assunto da imprensa, devido ao suposto vazamento da cópia não autorizada, que acarretou processos e ameaças de prisão dos envolvidos.
Com produção no estilo hollywoodiano, o filme tem como ponto de partida o livro Elite da tropa, escrito pelo sociólogo e ex-subsecretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro Luiz Eduardo Soares, pelo capitão do BOPE André Batista (negociador no seqüestro do ônibus 174) e por Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE. Mas não reproduz fielmente nas telas as histórias nele contadas. O personagem central nessa articulação é Rodrigo Pimentel, um dos roteiristas do filme. Pimentel foi “descoberto” no documentário Notícias de uma guerra particular, de 1997, dirigido por João Moreira Salles e Kátia Lund e forneceu o mote do título do filme, enunciando uma tese que vem ganhando fôlego e pautando as políticas de segurança pública do Estado: vivemos num estado de guerra entre, de um lado, o Estado e os “cidadãos de bem” e, de outro, os bandidos/traficantes. E não se trata de qualquer guerra. Mas sim de uma guerra total que, nos moldes da “guerra ao terror” empreendida por Bush, justifica a suspensão dos direitos humanos e legitima práticas ilegais como torturas e execuções sumárias com base na idéia de que elas são necessárias para garantir a segurança pública. É preciso lembrar ainda que argumento semelhante foi amplamente utilizado, na história recente do país, para justificar os arbítrios cometidos pelo Estado durante a ditadura militar. No caso do filme, é o narrador, capitão Nascimento, que afirma: “se o BOPE não existisse, os traficantes já teriam tomado a cidade há muito tempo”. Nessa lógica de um tudo ou nada distorcido, quem defende direitos humanos, defende os bandidos e é cúmplice da violência urbana que assola a cidade.
Cúmplices são também os que consomem as drogas ilícitas vendidas nas favelas. O tráfico de armas (e a indústria bélica que dele se beneficia), as ligações extra-favela do tráfico que, como todos sabem, atingem autoridades que organizam de fato as redes do crime, cujo elo mais fraco são os “vagabundos” assassinados cotidianamente pelo Estado, não são levados em conta nesse argumento. Numa das cenas mais chocantes do filme, capitão Nascimento, após comandar uma ação que resulta na morte de um traficante, esfrega o rosto de um estudante, que estava na favela consumindo drogas, em cima do sangue que sai do buraco aberto pela bala no peito do jovem morto e pergunta se ele sabia quem havia matado o rapaz. O estudante diz que foi um dos policiais, ao que Nascimento responde: “um de vocês é o caralho! Quem matou esse cara aqui foi você. Seu viado, seu maconheiro, é você quem financia essa merda. A gente sobe aqui pra desfazer a merda que vocês fazem.”
Portanto, coerção e consumo estão no centro das teses que organizam o filme.
Tropa de elite conta a história do drama privado do capitão Nascimento, significativo nome para um oficial “padrão” de uma polícia que tem como símbolo uma faca na caveira. Capitão Nascimento vai ser pai e o nascimento de seu filho o impulsiona a buscar um substituto no comando de uma guarnição do BOPE. Cansado da “guerra” cotidiana travada nas favelas cariocas, com síndrome do pânico e pressionado pela esposa grávida, Nascimento é um herói humanizado, um personagem complexo, ao mesmo tempo forte, incorruptível, carismático e também frágil, capaz de sentir remorsos pela morte de um menino fogueteiro, denominado por ele “sementinha do mal”, que resulta de uma operação sob seu comando.
Os candidatos a substituto de Nascimento são Neto e Matias, aspirantes a oficiais da polícia militar que se negam a participar dos esquemas de corrupção da corporação e, por conta disso, acabam se incorporando ao curso preparatório do BOPE. Neto é descrito como tendo a polícia no coração. Destemido e impulsivo, exímio atirador, gostava dos combates nas favelas e era o favorito de Nascimento. Seu amigo Matias, negro e de origem pobre, era mais racional, “gostava da lei” e se dividia entre ser estudante de direito da PUC e pertencer à polícia. Seguindo a classificação de Nascimento, os policiais cariocas só têm três alternativas: “ou se corrompem, ou se omitem ou vão para guerra”. Aprendizes de heróis, Neto e Matias só poderiam seguir a terceira opção.
Por conta da faculdade, Matias se envolve com uma menina de classe média alta que dirige uma ONG patrocinada por um político no Morro dos Prazeres e “fechada” com o chefe do tráfico na favela. A princípio, seus colegas da faculdade, ligados à ONG, não sabem que Matias é policial. Todos os estudantes são consumidores de drogas ilícitas. Um deles é “avião” e vende drogas na universidade.
Baiano, o chefe do tráfico na favela da ONG, assim como os colegas e a namorada de Matias descobrem que ele é policial através de uma foto que sai publicada nas páginas de um jornal. Esse fato desencadeia uma série de eventos que culminam na morte de Neto e na conversão definitiva de Matias em oficial do BOPE durante a caça a Baiano, motivada pela necessidade de vingar a morte do amigo. O policial que “gostava da lei” passa a torturar e executar, provando assim sua conversão de corpo e alma. O homem preto se torna homem de preto, “caveira, meu capitão”.
Nossos mariners tupiniquins são apresentados como soldados muito bem treinados, capazes de suportar um treinamento destinado a poucos, uma elite exemplar com um papel fundamental no estado de sítio em que vivemos: conter os pobres. Tropa de elite recolhendo corpos supérfluos daqueles que, em outros tempos, eram exército de reserva de mão-de-obra e que hoje, em meio ao desemprego estrutural e à ditadura do capital financeiro, são o lixo da sociedade.
A necessidade de conter (e mesmo eliminar) os pobres é o objetivo dessa guerra particular ou privada e, nesse contexto, uma tropa de elite se configura como uma tropa DA elite, necessária para garantir a ordem e o respeito à propriedade privada. Isso explica porque 100% das operações do BOPE são realizadas em favelas.
No filme, o discurso que legitima o BOPE e suas ações é persuasivo e se articula em três níveis. Num primeiro nível, o BOPE aparece como uma resposta à ineficiência e corrupção da “polícia convencional” e aos políticos que a alimentam. Assim, essa elite de policiais é apresentada como incorruptível e como um padrão a ser seguido, de referência internacional. O lema “faca na caveira e nada na carteira” resume esse discurso moralista e pragmático que atende perfeitamente aos apelos midiáticos por ordem e moralidade.
Um segundo nível pode ser identificado na apresentação do BOPE como uma seita que, através de um árduo rito de passagem – o curso de treinamento -, seleciona homens fortes, honestos e “formados na base da porrada”, preparados para resistir às piores provações. A seleção é a base da consolidação de uma camaradagem entre essa elite, em oposição àqueles que “nunca serão”, reatualizada nas práticas cotidianas de transgressão da lei. Numa das cenas do filme, um coronel e seus comandados, entre eles Nascimento, estão organizando as turmas do curso preparatório. Entre risadas e num clima descontraído, o coronel diz que não quer saber de tímpano perfurado em aula inaugural e de mão cortada. Mesma complacência para com os “excessos”, que afinal sempre podem ser “merecidos”, que ocorrem durante as operações nas favelas. Em tempos de fragmentação, individualismo e consumismo, podemos imaginar o apelo desse discurso que louva um corpo de homens unidos por um forte sentimento de pertencimento a uma elite e por um orgulho quase racial, seres superiores, elevados, em meio ao mundo de miséria, fraqueza e corrupção. Homens de caráter em tempos de corrosão do caráter.[1]
O terceiro nível desse discurso persuasivo é o do indivíduo, de seus dramas pessoais, que humaniza o herói e o aproxima dos seres humanos comuns, capazes de se reconhecerem e se identificarem com ele. Capitão Nascimento é o herói que sacrifica a vida pessoal e que não estende sua brutalização à vida privada. Como na cena em que ele, durante uma operação na favela, logo depois de se emocionar ao ouvir ao celular o coração do filho batendo na barriga da mãe, manda seu subordinado atirar dizendo: “senta o dedo nessa porra!”. Ou no momento em que, de farda, vindo da “guerra”, chora ao ver seu filho recém-nascido na maternidade. Nascimento trata sua mulher de forma amorosa e se sensibiliza com as pressões que ela faz para que ele saia do BOPE. Com exceção de uma cena, após a morte de Neto, a única em que ele aparece fardado no ambiente doméstico, na qual ele grita: “quem manda nessa porra aqui sou eu e você não vai mais abrir a boca para falar do meu batalhão nessa casa”. Significativamente, após impor seu comando em casa, ele fica curado dos ataques de pânico e joga fora os medicamentos psiquiátricos que estava usando.
Todos esses níveis se articulam em torno da naturalização da idéia de que vivemos num estado de exceção, uma situação atípica que demandaria regras também atípicas para sua solução. Essa naturalização permite um relativismo de valores e práticas, de direitos e garantias no que dizem respeito à dignidade da vida humana. Falar em direitos humanos não faz nenhum sentido num estado de coisas que institui valores desiguais para as vidas humanas de acordo com critérios como cor da pele, origem social e mesmo idade, já que os jovens pobres e negros são hoje as principais vítimas de homicídios, bem como formam a maioria da população carcerária do país.
No entanto, é preciso afirmar que o estado de exceção na verdade é a regra sob o capitalismo, que não pode prescindir, sobretudo em sociedades dramaticamente desiguais como a brasileira, do trato brutal com os de baixo.
Não há como não lembrar aqui de um poema escrito por Bertolt Brecht num contexto de vitória do fascismo na Europa, no qual outros homens de preto, em defesa da ordem do capital, esvaziaram de significado a palavra humanidade:
A exceção e a regra
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso.
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
fonte: http://www.marcelofreixo.com.br/
“Homem de preto, qual é sua missão? É invadir favela E deixar corpo no chão”.
Esse “canto de guerra” é um dos muitos entoados pelo BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) nos seus treinamentos. Muito significativo e direto, já que mostra claramente onde se localizam os inimigos a serem abatidos. Trata-se de uma guerra contra os pobres, recrudescida em tempos neoliberais nos quais a contrapartida da criação de uma sociedade do desemprego é a necessidade das classes dominantes ampliarem não somente os meios para obtenção do consenso, mas também os instrumentos coercitivos que mantenham os oprimidos sob controle.
Em meio às crescentes denúncias contra a atuação do BOPE nas favelas cariocas, que se pauta por uma política deliberada de extermínio ao arrepio do Estado de direito, surgem nas ruas da cidade cópias do filme Tropa de elite, antes mesmo de seu lançamento no cinema, previsto para o mês de outubro. Tropa de elite já é um sucesso de público, está “na boca do povo”, fascina adolescentes e mesmo crianças de classe média, e reúne no orkut uma comunidade com mais de 55 mil membros. Virou também assunto da imprensa, devido ao suposto vazamento da cópia não autorizada, que acarretou processos e ameaças de prisão dos envolvidos.
Com produção no estilo hollywoodiano, o filme tem como ponto de partida o livro Elite da tropa, escrito pelo sociólogo e ex-subsecretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro Luiz Eduardo Soares, pelo capitão do BOPE André Batista (negociador no seqüestro do ônibus 174) e por Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE. Mas não reproduz fielmente nas telas as histórias nele contadas. O personagem central nessa articulação é Rodrigo Pimentel, um dos roteiristas do filme. Pimentel foi “descoberto” no documentário Notícias de uma guerra particular, de 1997, dirigido por João Moreira Salles e Kátia Lund e forneceu o mote do título do filme, enunciando uma tese que vem ganhando fôlego e pautando as políticas de segurança pública do Estado: vivemos num estado de guerra entre, de um lado, o Estado e os “cidadãos de bem” e, de outro, os bandidos/traficantes. E não se trata de qualquer guerra. Mas sim de uma guerra total que, nos moldes da “guerra ao terror” empreendida por Bush, justifica a suspensão dos direitos humanos e legitima práticas ilegais como torturas e execuções sumárias com base na idéia de que elas são necessárias para garantir a segurança pública. É preciso lembrar ainda que argumento semelhante foi amplamente utilizado, na história recente do país, para justificar os arbítrios cometidos pelo Estado durante a ditadura militar. No caso do filme, é o narrador, capitão Nascimento, que afirma: “se o BOPE não existisse, os traficantes já teriam tomado a cidade há muito tempo”. Nessa lógica de um tudo ou nada distorcido, quem defende direitos humanos, defende os bandidos e é cúmplice da violência urbana que assola a cidade.
Cúmplices são também os que consomem as drogas ilícitas vendidas nas favelas. O tráfico de armas (e a indústria bélica que dele se beneficia), as ligações extra-favela do tráfico que, como todos sabem, atingem autoridades que organizam de fato as redes do crime, cujo elo mais fraco são os “vagabundos” assassinados cotidianamente pelo Estado, não são levados em conta nesse argumento. Numa das cenas mais chocantes do filme, capitão Nascimento, após comandar uma ação que resulta na morte de um traficante, esfrega o rosto de um estudante, que estava na favela consumindo drogas, em cima do sangue que sai do buraco aberto pela bala no peito do jovem morto e pergunta se ele sabia quem havia matado o rapaz. O estudante diz que foi um dos policiais, ao que Nascimento responde: “um de vocês é o caralho! Quem matou esse cara aqui foi você. Seu viado, seu maconheiro, é você quem financia essa merda. A gente sobe aqui pra desfazer a merda que vocês fazem.”
Portanto, coerção e consumo estão no centro das teses que organizam o filme.
Tropa de elite conta a história do drama privado do capitão Nascimento, significativo nome para um oficial “padrão” de uma polícia que tem como símbolo uma faca na caveira. Capitão Nascimento vai ser pai e o nascimento de seu filho o impulsiona a buscar um substituto no comando de uma guarnição do BOPE. Cansado da “guerra” cotidiana travada nas favelas cariocas, com síndrome do pânico e pressionado pela esposa grávida, Nascimento é um herói humanizado, um personagem complexo, ao mesmo tempo forte, incorruptível, carismático e também frágil, capaz de sentir remorsos pela morte de um menino fogueteiro, denominado por ele “sementinha do mal”, que resulta de uma operação sob seu comando.
Os candidatos a substituto de Nascimento são Neto e Matias, aspirantes a oficiais da polícia militar que se negam a participar dos esquemas de corrupção da corporação e, por conta disso, acabam se incorporando ao curso preparatório do BOPE. Neto é descrito como tendo a polícia no coração. Destemido e impulsivo, exímio atirador, gostava dos combates nas favelas e era o favorito de Nascimento. Seu amigo Matias, negro e de origem pobre, era mais racional, “gostava da lei” e se dividia entre ser estudante de direito da PUC e pertencer à polícia. Seguindo a classificação de Nascimento, os policiais cariocas só têm três alternativas: “ou se corrompem, ou se omitem ou vão para guerra”. Aprendizes de heróis, Neto e Matias só poderiam seguir a terceira opção.
Por conta da faculdade, Matias se envolve com uma menina de classe média alta que dirige uma ONG patrocinada por um político no Morro dos Prazeres e “fechada” com o chefe do tráfico na favela. A princípio, seus colegas da faculdade, ligados à ONG, não sabem que Matias é policial. Todos os estudantes são consumidores de drogas ilícitas. Um deles é “avião” e vende drogas na universidade.
Baiano, o chefe do tráfico na favela da ONG, assim como os colegas e a namorada de Matias descobrem que ele é policial através de uma foto que sai publicada nas páginas de um jornal. Esse fato desencadeia uma série de eventos que culminam na morte de Neto e na conversão definitiva de Matias em oficial do BOPE durante a caça a Baiano, motivada pela necessidade de vingar a morte do amigo. O policial que “gostava da lei” passa a torturar e executar, provando assim sua conversão de corpo e alma. O homem preto se torna homem de preto, “caveira, meu capitão”.
Nossos mariners tupiniquins são apresentados como soldados muito bem treinados, capazes de suportar um treinamento destinado a poucos, uma elite exemplar com um papel fundamental no estado de sítio em que vivemos: conter os pobres. Tropa de elite recolhendo corpos supérfluos daqueles que, em outros tempos, eram exército de reserva de mão-de-obra e que hoje, em meio ao desemprego estrutural e à ditadura do capital financeiro, são o lixo da sociedade.
A necessidade de conter (e mesmo eliminar) os pobres é o objetivo dessa guerra particular ou privada e, nesse contexto, uma tropa de elite se configura como uma tropa DA elite, necessária para garantir a ordem e o respeito à propriedade privada. Isso explica porque 100% das operações do BOPE são realizadas em favelas.
No filme, o discurso que legitima o BOPE e suas ações é persuasivo e se articula em três níveis. Num primeiro nível, o BOPE aparece como uma resposta à ineficiência e corrupção da “polícia convencional” e aos políticos que a alimentam. Assim, essa elite de policiais é apresentada como incorruptível e como um padrão a ser seguido, de referência internacional. O lema “faca na caveira e nada na carteira” resume esse discurso moralista e pragmático que atende perfeitamente aos apelos midiáticos por ordem e moralidade.
Um segundo nível pode ser identificado na apresentação do BOPE como uma seita que, através de um árduo rito de passagem – o curso de treinamento -, seleciona homens fortes, honestos e “formados na base da porrada”, preparados para resistir às piores provações. A seleção é a base da consolidação de uma camaradagem entre essa elite, em oposição àqueles que “nunca serão”, reatualizada nas práticas cotidianas de transgressão da lei. Numa das cenas do filme, um coronel e seus comandados, entre eles Nascimento, estão organizando as turmas do curso preparatório. Entre risadas e num clima descontraído, o coronel diz que não quer saber de tímpano perfurado em aula inaugural e de mão cortada. Mesma complacência para com os “excessos”, que afinal sempre podem ser “merecidos”, que ocorrem durante as operações nas favelas. Em tempos de fragmentação, individualismo e consumismo, podemos imaginar o apelo desse discurso que louva um corpo de homens unidos por um forte sentimento de pertencimento a uma elite e por um orgulho quase racial, seres superiores, elevados, em meio ao mundo de miséria, fraqueza e corrupção. Homens de caráter em tempos de corrosão do caráter.[1]
O terceiro nível desse discurso persuasivo é o do indivíduo, de seus dramas pessoais, que humaniza o herói e o aproxima dos seres humanos comuns, capazes de se reconhecerem e se identificarem com ele. Capitão Nascimento é o herói que sacrifica a vida pessoal e que não estende sua brutalização à vida privada. Como na cena em que ele, durante uma operação na favela, logo depois de se emocionar ao ouvir ao celular o coração do filho batendo na barriga da mãe, manda seu subordinado atirar dizendo: “senta o dedo nessa porra!”. Ou no momento em que, de farda, vindo da “guerra”, chora ao ver seu filho recém-nascido na maternidade. Nascimento trata sua mulher de forma amorosa e se sensibiliza com as pressões que ela faz para que ele saia do BOPE. Com exceção de uma cena, após a morte de Neto, a única em que ele aparece fardado no ambiente doméstico, na qual ele grita: “quem manda nessa porra aqui sou eu e você não vai mais abrir a boca para falar do meu batalhão nessa casa”. Significativamente, após impor seu comando em casa, ele fica curado dos ataques de pânico e joga fora os medicamentos psiquiátricos que estava usando.
Todos esses níveis se articulam em torno da naturalização da idéia de que vivemos num estado de exceção, uma situação atípica que demandaria regras também atípicas para sua solução. Essa naturalização permite um relativismo de valores e práticas, de direitos e garantias no que dizem respeito à dignidade da vida humana. Falar em direitos humanos não faz nenhum sentido num estado de coisas que institui valores desiguais para as vidas humanas de acordo com critérios como cor da pele, origem social e mesmo idade, já que os jovens pobres e negros são hoje as principais vítimas de homicídios, bem como formam a maioria da população carcerária do país.
No entanto, é preciso afirmar que o estado de exceção na verdade é a regra sob o capitalismo, que não pode prescindir, sobretudo em sociedades dramaticamente desiguais como a brasileira, do trato brutal com os de baixo.
Não há como não lembrar aqui de um poema escrito por Bertolt Brecht num contexto de vitória do fascismo na Europa, no qual outros homens de preto, em defesa da ordem do capital, esvaziaram de significado a palavra humanidade:
A exceção e a regra
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso.
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
fonte: http://www.marcelofreixo.com.br/
Amanhã!!! Dia da Árvore - 21 de Setembro
domingo, 19 de setembro de 2010
A criação da Ação da Cidadania - A Ação da Cidadania nasceu em uma época de intensa movimentação política no Brasil. Naquele ano, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, envolvido com grandes nomes da sociedade brasileira por causa do Movimento pela Ética na Política, movimento que liderou o pedido de impeachment do presidente Collor. Toda a população se mobilizou para lutar pela democracia Segundo Betinho, "a motivação fundamental da Ação da Cidadania era a certeza de que democracia e miséria eram incompatíveis. A indigência havia alcançado níveis alarmantes, agravando ainda mais o quadro de pobreza que sempre caracterizou a realidade brasileira". O mapa do Ipea indicava 32 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza. Betinho e vários artistas e personalidades foram à TV e aos jornais estimular cada brasileiro a fazer o que estivesse ao alcance de cada um para resolver o problema da fome no país. E, a partir de uma carta, denunciaram a fome e a miséria de milhões de brasileiros como os principais problemas do país. Foi esta carta, chamada de "Carta de Ação da Cidadania" que deu oficialmente origem ao movimento de Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida. A Ação da Cidadania foi lançada no dia 24 de abril em uma grande solenidade na UERJ, com a participação dos mais expressivos nomes da sociedade brasileira. Quatro dias depois, no dia 28 de abril, foi criado o Comitê Rio da Ação da Cidadania. |
Relembrando Grandes Brasileiros... BETINHO: você tem FOME de que?
Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, (Bocaiúva, 3 de novembro de 1935 — 9 de agosto de 1997) foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.
No início da década de 1980, fundou o Ibase – instituição de caráter suprapartidário e supra-religioso dedicada a democratizar a informação sobre as realidades econômicas, políticas e sociais no Brasil. Betinho desempenhou papel decisivo como articulador da Campanha Nacional pela Reforma Agrária, congregando entidades de trabalhadores(as) rurais em busca de uma solução para a grave questão da distribuição, posse e uso da terra, um dos principais problemas estruturais dos países em desenvolvimento. Na luta pela democratização da terra, organizou, em 1990, o movimento Terra e Democracia, que levou ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas.
Morreu em 1997, no Rio de Janeiro.
fonte www.ibase.br
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Olhares resilientes...
Não se engane, durante toda sua trajetória de vida, por diversas vezes você irá enfrentar desafios e dificuldades. Supere! Seja resiliente, e se for preciso, TENTE OUTRA VEZ...
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Estamos lendo... Maria Montessori!
Vocês sabem o que é "Educação Holística"? Caso não saibam, eis uma boa oportunidade para uma reflexão...
A educação holística, do grego holus=totalidade, que a educadora italiana Maria Montessori (1870-1952) define claramente com o conceito de Educação Cósmica, se depara com a fragmentação do conhecimento (herança do sistema educacional cartesiano e iluminista), e se apresenta como uma das possíveis soluções, dirá Montessori, para que seja implantado um novo modelo de relação entre o ser humano e o outro, o cosmos, a natureza e si mesmo; para que o aluno seja percebido com ser integral, na sua vivência dentro da sala de aula, e nas dinâmicas de grupo.
In "Educação Cósmica" da autora Talita de Almeida.
A educação holística, do grego holus=totalidade, que a educadora italiana Maria Montessori (1870-1952) define claramente com o conceito de Educação Cósmica, se depara com a fragmentação do conhecimento (herança do sistema educacional cartesiano e iluminista), e se apresenta como uma das possíveis soluções, dirá Montessori, para que seja implantado um novo modelo de relação entre o ser humano e o outro, o cosmos, a natureza e si mesmo; para que o aluno seja percebido com ser integral, na sua vivência dentro da sala de aula, e nas dinâmicas de grupo.
In "Educação Cósmica" da autora Talita de Almeida.
Um assunto novo: "Resiliência"...
Resiliência é:
“a capacidade do indivíduo de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os embates”.
In PLACCO, V. M. N. S. Prefácio. In: TAVARES, J. (Org.) Resiliência e Educação. São Paulo: Cortez, 2002, p. 7-12.
Pensamentos...
A humildade exprime uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém.
Eramos sete, agora somos cinco... utopistas livres!!!
Havia sete meninas em volta de uma mesa. Todas diferentes. Com vozes mais agudas ou mais graves. Com cabelos lisos e menos lisos. Com lábios abertos ou cerrados. Nenhuma parecida com a outra, mas todas com um certo ar de familiaridade que não saberia explicar.
Sabe como é ficar curiosa? Simplesmente me pus a olhar, aliás, a escutar, aliás, a ver mesmo; abri bem aqueles olhos grandes de mosca que a natureza me deu. E comecei a espiar.
Não saberia dizer mas fiquei contente que houvesse gente aqui na sala, nessa sala grande que tem tantas cadeiras, todas iguais, uma lata de lixo onde às vezes me escondo, uma janela sempre fechada e um silêncio que me deixa tonta.
Porém as meninas falavam, e como falavam, animadas, agitadas, cada uma dizendo coisas, com voz forte e decidida. Gostei. Não entendi bem o que estavam discutindo, mas o assunto havia de ser bem sério, ou talvez não, afinal sou uma mosca, do que eu sei?
Uma menina, no canto, ao entrar chamou a minha atenção: olhar distante, profundo, inchado, não sei se de lágrimas, já que sou só uma mosca, já disse. Não choro e não sei de quase nada. Ainda não aprendi, que o aprender é coisa de humano. Não o chorar, que eu já vi gato chorando, mas essa é outra história. Voltemos à menina. Parecia perdida, sabe, voei em volta dela sem que ela me visse, e senti uma dor me alfinetar. Pousei bem no nariz dela, mas ela continuou não me vendo. Pena, né? Logo que a vi a achei meio familiar, mas nem sempre as nossas sensações são correspondidas. A minha vida de mosca que o diga; me agito que nem uma maluca para que os outros percebam que existo, mas quando me vêem... zac! Querem logo me esmagar! Sim, sim, não sei porquê, mas é isso que acontece... Vida de mosca, ninguém merece. Mas vamos lá.
Eu conheço bem os bichos; estou nesse mundo há muito tempo, sabe? Mudo de nome, às vezes de tamanho, o aspecto também pode variar mas, por dentro, sou sempre a mesma. Seja eu mosca, cobra, como já fui, ou aquela vez que nasci morcego, lembra? Aquilo ali foi doido, via tudo de cabeça para baixo, ou para cima, até hoje não entendi...
Pois bem, foi me prometido que em uma das próximas encarnações serei humana, mas não sei se quero isso para mim. Para quem já foi vaquinha, pastando e pastando e vivendo uma deliciosa vida de vaca, se tornar aquele bicho meio esquisito com aquelas pernas compridas e aquelas garras todas, sei não, com todas aquelas manias humanas, sei não... Mas vamos continuando, que vida de mosca não tem esse tempo todo não! Logo acaba, e acaba que não disse nada, ou quase nada.
Sabe que no meio dessas meninas havia uma, de cabelo comprido, preto que nem a noite, com uma voz que me parecia familiar? Ao falar vibrava toda, quase pulava, me engana que eu gosto se aquela ali não foi grilo! Foi sim, e ainda guarda um pouco de “grilês” dentro dela. Grilo, mosca, é tudo a mesma coisa. Gostei dela!
Do lado dela uma menina comprida, comprida, o olhar cansado como de quem já viu muito nessa vida. Fui à direção dela, e ela me viu. Sorriu para mim. Um sorriso longo que vinha de longe. Familiar. Com certeza já foi mosca. Menina esclarecida. Esta aqui vai reencarnar em anjo. Sabe que fez até cosquinha na minha barriga? E olha que não é todo mundo que goste de mosca. Eu que o diga, que logo que entro pelas janelas das casas daqueles seres grandes querem me... bom, já disse né? Brrr, melhor não pensar nisso.
Sentada à mesa, uma menina, menina quase velha diria; os olhos quase fechados, quase sorrindo, quase gritando, quase falando, quase vivendo. Que cara familiar... eh, cara de sapo! Melhor se afastar. Esta acabou de sair da casa dos sapos e ainda não se deu conta de que virou ser humano. E sapo come o que? Mosca!! Asas para que te quero, longe dela, que tem cara (e língua) de “quase não gostei”.
E pousei em cima de uma figura, uma figuraça, uma figurinha! Olha, não sei se andei mexendo em açúcar demais, mas sabe o que estava vendo quando olhava para ela? Uma menina, de repente coruja, depois menina, e coruja de novo, sem parar! Esticava até as asas, sério! Bem que a achava familiar... Um ar noturno, uma sabedoria antiga, muito coruja e muito humana. Duas coisas lindas ao se juntarem. Um resultado que dá prazer só de ver.
E o meu olhar voltou para cima daquela menina que tinha achado tão distante. Mas agora ela estava ali, presente que nem uma flor de madrugada, pronta para se abrir. Gostei de vê-la assim. Não sei se imaginei, mas vi até umas pétalas nascendo no rosto dela.
Eu sou da terra, sempre fui e provavelmente serei, mas gosto do mar. É, só porque sou mosca não posso desgrudar do lixão de vez em quando e dar uma esticadinha de asas até a praia? Sobretudo agora que este ser de pernas longas joga nela tanto lixo e eu, como se sabe, com o lixo tenho uma certa intimidade. Mas gosto do mar, gosto das ondas, gosto da água limpa (mosca também toma banho, mas só de vez em quando, que é para não perder o charme). E como gosto do mar, reconheço os seres que dele vêm: me são familiares, exatamente como aquela pequena menina, pequena sereia. Aquela ali vem do fundo do mar. E não adianta dizer que estou sonhando, pois ainda dá para ver um pedaço de cauda, espremida na calça. Lá está ela, fulgente e pronta para dar uma voltinha no fundo dos sete mares. Só faltava ela cantar aquelas doces cantigas de sereias. Quase pedi para ela, mas quem garante que ela entenderia o meu zum zum zum?
E vamos à última, aquela menina engraçada que, cara, vou te contar, carrega na cara as caras de todos os seres que eu já vi e estou cansada de ver, e olha que não foram poucos não! Se você olhar para ela, de repente aparecerá cara de borboleta. E quando ela sacode a cabeça, dá até para ver aquela purpurina mágica saindo dela! E como eu sou curiosa, afinal, mosca é para isso mesmo, voei em torno dela, e zac! Para meu espanto, não é que a cara dela tinha virado mosca? Quer algo mais familiar do que isso? ©
Como tudo começou...
O Menino que amava as gentes
Era uma vez um menino gentil, nascido numa casa amarela; filho de pais amorosos, com eles aprendia o respeito, o carinho, a ternura e, sussurrado, o encanto das palavras. E falava, falava, adorava falar.
Falava com todos; gentes, flores, bichos, plantas, ventos, árvores, nuvens, céus. Não cansava de falar.
O menino gostava de sentar à sombra de uma árvore quase escondida, no fundo do quintal, uma velha mangueira, generosa de sombra e de proteção. Dela caíam pequenos gravetos que o menino colhia e guardava como grandes tesouros.
Um dia estava ele sentado embaixo da amiga mangueira e, de repente, sua mãe chegou e lhe disse: “Meu filho, vamos fazer uma mágica?”. O menino, curioso, bateu as mãos e respondeu animado “Vamos, mamãe!”. A mãe então pegou um graveto da bondosa mangueira, colocou-o na mãozinha do filho e, juntos, começaram a traçar pequenas linhas no chão. De repente, desses desenhos nasceu uma letrinha, depois duas e três, até formar a palavra “MAMÃE”. O encanto das palavras se transformou em realidade: o menino aprendeu a escrever!
E o menino crescia, crescia, e com ele o seu grande coração e a sua capacidade de amar.
Um dia, este amor esbarrou no amor de uma linda menina e, juntos, ganharam o mundo. E continuaram falando.
E neste caminho encontravam criaturas e com elas aprendiam ensinando. E ensinavam aprendendo.
O menino, agora crescido, sonhava que todas essas pessoas que andavam com ele pudessem um dia também, saborear a magia das palavras. E começou a falar em um tom de esperança, com voz de profeta, com olhos saudosos, com coração de aprendiz.
Mas, certa noite, uma triste canção de trovões quebrou este encanto: da sombra surgiram uns homens mascarados e roubaram-lhe o sonho, tentando calar o seu coração.
Porém, o amor que ele tinha espalhado começou a brotar, unindo-se em nuvem, carregando-o para longe, afastando-o da tempestade.
Muito andou esse nosso menino, agora crescido. Muitos conheceu, muitos amou. E continuava falando.
Estava ele apoiado na janela dos sonhos, num país tão distante quando, um dia, um enorme arco-íris veio para levá-lo de volta à sua terra, molhado nas cores, guiado por elas, pelo caminho da esperança, de novo.
Corria pelos céus e com eles falava, e ninguém, nunca mais, ousou silenciar o seu coração, que falava, falava, as palavras do amor.
Os anos passaram, a barba do menino agora crescido tornara-se branca, comprida, cheirosa de vida e carregada de frutos, como a antiga mangueira dos tempos da infância.
E o coração dele andava engrossando, como mingau de neném, que alimenta os pequenos e torna-os fortes.
Pesado de amor, embebido de sonhos, um dia esse músculo vivendo quebrou-se, explodiu bem no meio, rompeu-se em mil pedacinhos, espalhou-se invadindo as casas das gentes do mundo, que o homem, agora eternamente menino, havia tanto amado.
Esta foi a história de PAULO FREIRE, o menino conectivo.©
Assinar:
Comentários (Atom)





















